Cultura Organizacional em tempos de Home Office
Em uma definição mais acadêmica, Cultura Organizacional é o conjunto de valores, crenças, condutas explícitas ou implícitas que caracterizam as organizações.
A Cultura Organizacional é o pano de fundo sobre o qual se desenrolam as interações sociais e que modela a forma como são tomadas as decisões nas organizações, como se manifestam as relações de poder e todas as suas conseqüências. Ela é a “identidade da empresa”, é como ela “toma” decisões, é o “cheiro” da organização, como ela se “veste”, como ela se apresenta para o mundo.
Formação de uma Cultura Corporativa
As organizações nascem normalmente pequenas e refletindo as crenças e valores de seus fundadores. Muitas vezes a empresa cresce mas mantém estes valores originais de forma inconsciente: Não se sabe muito bem porque isso deve ser resolvido desta forma porém é assim que deve ser feito; Não está em nenhuma regra escrita, mas é assim que “falaram” que deve ser feito.
Quando as pressões por mudanças crescem, quando os atores mudam, vindos de fora da organização com desafios e metas explícitos, a cultura pode sofrer influências explícitas para mudança e um novo ciclo evolutivo pode começar, resultando no estabelecimento gradual de uma nova identidade corporativa.
A Cultura Organizacional é o reflexo das interações sociais e portanto está em permanente mudança. Ela pode mudar vagarosamente ou um pouco mais rapidamente conforme as pressões internas e externas, porém sempre está mudando, adaptando-se em reflexo ao seu meio ambiente como qualquer ser vivo.
Como a Cultura Organizacional se faz presente?
A Cultura Organizacional se faz presente especialmente na forma como as pessoas participantes da organização agem. As relações de poder e as tomadas de decisões são fruto imediato desta cultura. Enquanto atributo implícito, a cultura se manifesta explicitamente no padrão médio das atitudes dos atores organizacionais.
Porém a cultura não é tangível, não é um artefato visível, não é uma cartilha impressa a ser lida, aprendida e praticada pelos colaboradores.
As normas de conduta são estabelecidas claramente repercutindo a cultura, as crenças e os valores importantes para a organização.
Para ser aceito e ter sucesso, o ator deve atuar conforme o “roteiro” da peça. Porém este roteiro é intangível e bastante subjetivo. Alguns profissionais com maior sensibilidade e competência nos relacionamentos interpessoais conseguem maior sucesso pois percebem mais claramente as regras a serem praticadas; Outros nem sempre percebem bem estas regras, sendo levados a atitudes muitas vezes involuntárias motivadas pelo “inconsciente organizacional”.
Como disseminar a Cultura Organizacional?
A Cultura Organizacional é disseminada basicamente através das relações interpessoais. Essa disseminação pode ser institucionalizada mas é principalmente pela ação dos grupos informais que ela acontece.
Uma boa forma de conduzir internamente o processo de disseminação dos valores, crenças e conhecimentos da organização, é entender a dinâmica destes grupos informais, conhecer os formadores de opinião e buscar explicitamente a colaboração de todos na formação de mecanismos de comunicação que possam transmitir as informações de forma correta e não distorcida.
Um plano de comunicação claro e transparente sobre as estratégias organizacionais, combinado com flexibilidade para ouvir sugestões e capacidade para pôr em prática eventuais correções necessárias nestas estratégias, certamente favorecem um melhor clima organizacional e melhores condições de aprendizagem contínua – fatores definitivos para o sucesso das organizações contemporâneas.
A cultura formal e os grupos formais devem conhecer e entender a cultura informal e os grupos informais, buscando sempre aprender com eles antecipando a visão de problemas no futuro e percebendo oportunidades de evolução.
Processo de Mudanças e Aprendizagem Corporativa
Toda e qualquer mudança implica em um reflexo na cultura organizacional, senão não pode ser efetivamente considerada uma mudança. Não podemos confundir estarmos ocupados com sermos produtivos. Não podemos entender como mudança passarmos a fazer de forma diferente as mesmas coisas, alcançando os mesmos resultados.
Um processo de mudanças deve necessariamente pressupor aprendizagem organizacional e evolução. Portanto um processo de mudança obrigatoriamente pressupõe mudanças na cultura organizacional.
Recursos Humanos e a Cultura Organizacional
Vivemos um momento de transição completa sobre os fundamentos econômicos. Nos últimos 20 ou 30 anos houve uma inversão na distribuição dos ativos tangíveis e intangíveis nas organizações.
Algumas estatísticas já apontam que mais de 90% dos ativos circulantes na economia são ativos intangíveis, relacionados ao capital intelectual.
A partir de números como estes, percebemos oportunidades maravilhosas de mudanças nas culturas organizacionais com maior valorização do fator humano.
Através do auto-conhecimento as pessoas podem ser mais felizes e produtivas. Consequentemente, através de programas de Gestão do Conhecimento e Gestão do Capital Intelectual, pode-se equilibrar objetivos pessoais com objetivos empresariais.
Em tempos de Home Office a importância da área de Recursos Humanos diante da cultura organizacional, dos processos de mudanças e principalmente da aprendizagem organizacional cresceram significativamente.
A área de Recursos Humanos deve perceber e assumir plenamente sua imensa importância estratégica nas organizações.
Os profissionais de RH precisam mais do que nunca desenvolver novas responsabilidades frente aos desafios de mudanças organizacionais visando maior equilíbrio entre as metas organizacionais e os objetivos de maior qualidade de vida das pessoas.
Todos nós, funcionários, empresários, empresas e em uma instância maior, o nosso país, sairemos vencedores com estas mudanças.
Ruy Prado Jr
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